quarta-feira, 13 de abril de 2011

Clara

Longos cabelos cacheados cor de mel, simetria perfeita em seu longo vestido azul-acinzentado, uma pequena bolsinha decorada com pérolas na mão, chapéu da mesma cor com lindas plumas no alto, pele de porcelana.
Ah como ela adorava ficar ali observado sua boneca, seus olhos estáticos que nunca poderiam sofrer, nunca poderiam ver o mal.
Com sua pele marfim-translúcida, cabelos longos e lisos, Grace constumava deitar-se na imobillidade de seu quarto a observar a boneca, até perder-se naquele limiar entra pensamentos e o torpor; luzes do quarto apagadas, somente ela e Clara, a boneca iluminada propositalmentre pelos raios de luar que entravam pela janela.
Perdida ali com o silêncio e o nada.
Em um acesso de loucura jogara Clara no chão, ah como odiava nao poder permanecer assim como Clara, tão presa, e ao mesmo tempo tão livre de qualquer obrigação.
Seus olhos azuis nunca se moviam, a fragilidade de sua pele agora aos cacos entre suas mãos.
Ela chorou por Clara, chorou pois nunca seria como ela, chorou por não poder continuar ali  na imobilidade, na sublime paz da solidão que somente ela parecia capaz de entender.
Ela com olhos inchados, em desespero, cacos de porcelana na mão; era como se toda a vida do aposento tivesse sido dissipada.
Teve um leve vislumbre de algo escorrendo por suas mãos, mas era insignificante agora, tudo o que seus olhos viam com um sorriso a iluminá-los era que agora era ela que estava de pé imóvel na estante iluminada pela lua que fazia sua pele brilhar sobrenaturalmente.
Ela era perfeita, era Gracie.
Não, ela era Clara.


Renata Castro 

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