O vento que veio do norte levou
as folhas embora. Parecia com o vento que antecede a primavera. O vento outonal
que derruba todas as folhas para que a árvore possa renascer na primavera.
O vento veio, as folhas se foram,
entretanto, a promessa de primavera nunca se cumpriu.
Naquele lugar as estações há
muito não seguiam o curso normal. Agora uma árvore nua se erguia no meio da
planície desolada. As chuvas vinham e a cada vez mais a árvore era açoitada. Os
galhos fragilizados começaram a se partir, um a um.
Na copa da árvore não mais nasciam
ervas, as folhas há muito haviam murchado, não havia qualquer adubo para nada
naquele lugar.
Vida não mais se criava nem se transformava
tudo naquele lugar parecia estar envolto em um vazio inacessível.
Não havia pássaros, não haviam
folhas e nem flores nos galhos, não havia grama ou flores no chão ao redor do
tronco da árvore, algo tóxico parecia ter se derramado naquele lugar e toda a
vida que um dia existiu esvaiu-se.
As promessas de primavera nunca
se cumpriram.
Por longos invernos a árvore
suportou de pé na esperança de que a primavera iria voltar.
Então mais um tempestade veio,
raios trilhavam seu caminho brilhante pelo céu escuro. Aqueles galhos
retorcidos esperavam que a chuva talvez pudesse fazer algo florescer. Então um
raio brilhou logo acima da velha árvore, naquela tempestade finalmente ela viu
seu fim, partida ao meio por um brilhante raio, tudo que restou daquela árvore
foram pedaços retorcidos de galhos chamuscados.
Talvez agora que ela se foi
finalmente a vida poderia voltar para aquele lugar esquecido pelo tempo, e as
estações finalmente fossem as mesmas novamente, ela jamais saberia, mas estava
feliz por finalmente descansar.
Uma dríade sempre morre com sua
árvore, alguns dos pequeninos ao partir ainda lhe convidaram, eles pareciam
saber que o inverno iria durar, que a neve iria cair, que as flores não iriam
desabrochar, mas ela confiou, confiou que a primavera voltaria, então ela
esperou, agora nada mais importava, elas viveram juntas, e juntas partiriam,
com o que restou de suas forças deixou cair uma última lágrima, e orou para que
ela fosse forte o suficiente para que aquela árvore deixasse para trás um
legado.
17/01/2017